quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Etapa paralela

Na madrugada de domingo para segunda aproveitei para ver os 3 episódios finais de Grey’s Anatomy, já que a Sky deixou 5ª e 6ª Temporadas abertas 24 horas em um canal alternativo.

Nos dois últimos episódios, há uma matança geral onde os personagens trabalham, feita por um senhor bigodudo que, revoltado pela morte da mulher, resolve se vingar dos “responsáveis” pela morte dela. Foi emocionante e a sensação de suspense a cada cena causa aquela sensação interessante de angústia.

Na verdade eu introduzi isso apenas para dizer que na segunda, enquanto esperava ser atendida pelo meu neurologista numa espera de quase 4 horas, eu vi esse velho lá, que também esperava pelo meu neuro, muito paciente, com cara de psicopata matador. Pense numa coisa louca.

Se não bastasse o velho atirador de Grey’s, em minha longa espera eu tive que ouvir uma senhora que oi consultar par ao pai, de 94 anos, que ela considera ser bipolar e anda dilapidando o patrimônio. O velho tem uma amante (sim, ele ainda deve dar no couro), ela quer interdita-lo e assim, acredito que eu sei tudo o que aconteceu na vida dela nos últimos 5 anos. Acredito também que ela necessita de ajuda, assim como o pai. Meu pescoço doeu bastante, porque ela não me deu tempo de respirar ou algo parecido.

Bom, quando ela entrou lá foi um alívio, mas em compensação, se ela me alugou uma hora e meia, ela alugou o médico 30 minutos, pois normalmente ela gasta 10 minutos por paciente.

Quando chegou a minha vez, digo que inicie uma etapa paralela ao meu tratamento de TDAHI. Paralela porque, indicada pelo Leo, encontrei esse neuro que trata do transtorno e atende pelo meu plano, diferentemente do seguimento particular do psiquiatra.

Após duas consultas, ele me indicou a ritalina , especialmente para as atividades que requerem esforço intelectual e iniciei o tratamento ontem. Ainda não afirmo que o tratamento alterou alguma coisa em minha rotina, até porque o seu uso carece de continuidade e óbvio que há um esforço pessoal nesse sentido. Pedi a minha tia, uma apenas, que observasse nesses 30 dias que farei uso da rita. Ela, mais do que ninguém, tem olhos para TDAHI.

Os demais, não irei comentar, tendo em vista que boa parcela de minha família, incluindo aqui o meu namorado, não acreditam que eu tenha esse transtorno.

O descrédito as vezes nos faz minar, mas eu nem digo nada, acredito sim que tenha uma parcela dele e que herdamos especialmente de meus avós.

Minha avó conseguiu ser bem sucedida na vida, aposentou bem, centralizou a família e graças a ela todos nós garantimos um futuro, estudamos. Mas acredito, que pelo caminho que ela traçou, o esforço e o custo disso oi alto, pela característica polivalente que ela tem. Ela tem um estilo desorganizadamente peculiar de se organizar e consegue fazer isso dar certo, mas chega a surtar ao abrir, distraidamente, uma conta de luz errada (e mais cara) e pensar que é dela (gritando do quintal que a CEMIG mandou duas contas para ela pagar). Ela também consegue fazer um almoço entre 30 minutos e uma hora e ainda sair gostoso. E ela consegue cozinhar no meio do caos. Eu ainda não entendo como as coisas dela dão tão certo.... mas deram! Ela, talvez, soube lidar com isso. Mas ela é uma das que não aceitam que eu tenha TDAHI.

Meu avô já não teve tanta sorte na vida, nasceu no mundo da lua e nele permanece até hoje. Ele é fumante, safenado e sedentário, mas acreditem, isso o fez sobreviver a um infarto e esse sossego, essa paz interior que ele carrega, penso eu, que faz a saúde dele ficar estável aos 77 anos.
No decorrer dessa história todo, vou contando como o tratamento vem surtindo seus efeitos.

Grande beijo.

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