sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Sobre as relações humanas: como eu lido com as ex-relações conjugais


Dia desses fui me aconselhar espiritualmente com a Lu Brasil (aquela celebridade tuiteira que faz festinhas personalizadas para nossos filhos) acerca da sensação de lidar com as relações anteriores da gestão atual.

Em toda sua sensatez e centralidade, ela me confidenciou que não pegaria nada que envolvesse pacotes anteriores. Eu ri, mas pensando cá com meus botões, fiquei pensando em minha situação, na melhor maneira de lidar com isso.

Quando se termina uma relação e dela restam somente os filhos que fazem com que você mantenha laços com ex, só há dois caminhos para percorrer: o da terra (que entendo ser o da normalidade) e do inferno. O do céu é perfeição e isso, em se tratando de relações humanas, não existe.

Na relação com o primeiro pai da minha filha, restou a minha filha. Já encanei e briguei com ele por muitas coisas miúdas que no fim dos dias não acrescentariam em nada a minha vida, mas principalmente à vida dela, pessoa principal envolvida.

Não me preocupo se e quando o dinheiro ou os presentes vão vir, mas me preocupo se ele envia uma carta lá da Bolívia, onde ele está realizando o seu sonho para dar a ela o que quiser e puder, como já disse outro dia, se ele pode ligar, se ele pode me orientar quanto a uma virose (ué, ser enfermeiro e estudante de Medicina tem que ter sua utilidade doméstica e familiar, né?), enfim, se ele pode se fazer presente do jeito que é possível, nas condições de pressão, altura, temperatura e altitude normais. Esse é o caminho da terra, da normalidade, onde falhamos, mas procuramos o melhor.

“Ah, mas você fala isso porque há alguém que te sustente”. Essa é a voz do meu lado capetinha falando, e até o pensamento de alguns, e quando essa voz surge do mais profundo do meu ser, não perco meu tempo em debater, já que enquanto o Rodrigo sai para fazer o que tanto ama e gosta (trabalhar), eu fico aqui mantendo o equilíbrio de todo o resto. Sim, todo o resto.

Eu trabalho arduamente (entre uma tuitada e outra) para manter a casa funcionando sem bagunça e sem caos, para que o biscoito que eles mais gostam esteja na despensa, resolvo todas as burocracias empresariais e pessoais de todo mundo, além de viver a minha própria vida que também demanda tempo e esforço. Acordo junto com Rodrigo e durmo junto com ou depois dele.

E a criação da Maria Clara não é focada no sapato da Barbie, na roupa da Lilica, ou no conjunto mochila/merendeira da Polly pro início do ano letivo. Isso é acessório, são coisas que nos preocupamos enquanto não pensamos se acertamos no dia de hoje ao corrigir uma má criação, se o valor que ensinamos numa atitude qualquer a criança absorveu, se há um equilíbrio emocional mínimo para a criança viver em paz e harmonia (sem acampamento hippie), se me excedi em algum grito de atenção.

Bom, então, voltando as escolhas sobre como lidar com as ex-relações conjugais eu digo que poderia ter escolhido o caminho do inferno e não o fiz.

Poderia tornar a vida de todos uma treva: da minha filha, do pai 1, do pai 2.

Vejam bem, não sou santa, pois sou do tipo que acumula e quando estoura acendo lá direto na bomba, sem usar pavio (palavras de marido).

Semana passada eu prometi a mim mesma que não iria tornar a minha vida um inferno por conta da bagagem que meu marido trouxe. Frise-se que não pela criança, mas pela mãe da criança.
Muitas coisas me irritaram ou porque a pessoa me atingiu e a minha filha diretamente, ou porque atingiu o Rodrigo, e fatalmente tomei as dores.

A visão que tive depois do meu último estouro e minha última crise foi que o que eu posso fazer eu já faço e faço muito bem, por ele. O que não estiver ao meu alcance, não posso ter controle.

Diretamente o que eu posso fazer para a pessoa não mais me atingir é fazer o que já faço: eu não vou lá na cidade onde ela mora, não atendo telefonemas dela mesmo que a filha dela esteja sob meus cuidados, não dou ibope, já que se a pessoa não tem uma educação mínima para manter qualquer contato, sorry, mas na minha vida ela não entra. E, principalmente, na minha vida e na minha casa mando eu e quem dentro dela estiver, que siga as minhas regras. Sem reclamação, já que dou sim boa vida a quem é meu convidado. Rs.

Indiretamente não cabe a mim fazer mais nada, já que passou do que me afeta diretamente, aí é com ele. Como ele vai lidar com isso? Sei lá.

Digo que o que vejo me chateia, me magoa, por ele, apenas por ele, tenho até vergonha alheia das coisas que ela faz, coisas que muitas mães abririam a boca, porque nitidamente o caminho das trevas foi o que ela optou.

A minha opção para que o inferno que ela escolheu não me atingisse foi não me envolver em hipótese alguma, criar uma camada de proteção, onde até cuidados com as relações afetivas estou tomando.  Friso que não é não gostar da criança, por exemplo, mas evitar me envolver de forma que o carinho e afetividade não me permitam tomar decisões racionais, que no caso em questão é fundamental.

Isso pode mudar? Claro que pode! Mas no estágio atual não depende mais de mim e não vou sofrer mais sobre o que os outros podem ou não podem fazer a respeito.

Voltando a questão do com bagagem ou sem bagagem, na minha relação eu agradeço de nem ele e nem eu termos levado em conta isso, senão não estaríamos juntos e nem mesmo o Rodrigo teria o carinho e amor que dedica a minha filha, em qualquer momento de sua vida.

Excelente sexta.

3 comentários:

Telma Maciel disse...

É... só digo uma coisa: tem bagagem que se torna mala sem alça e sem rodinha MESMO!!!! Pq as pessoas procuram o caminho das pedras pontudas?
Sei q eu tbm errei, mas puxa vida, viu?! Complicam demais da conta!
A gente sofre... mas vamos procurar ser felizes, né? Tentar evitar essas chateações!
Beijo e boa sorte!
Pra nós... rs

Walesca Bernardes disse...

Flavinha, vc tá coberta de razão! Eu também tive de fazer umas opções sérias... (Jove tem 2 bagagens do primeiro casamento!) principalmente para que não afetassem o Otto. E não me arrependo. Vivo bem melhor agora. Qualquer dia devemos trocar umas idéias a respeito.

Walesca Bernardes disse...

Flavinha, vc tá coberta de razão! Eu também tive de fazer umas opções sérias... (Jove tem 2 bagagens do primeiro casamento!) principalmente para que não afetassem o Otto. E não me arrependo. Vivo bem melhor agora. Qualquer dia devemos trocar umas idéias a respeito.